Relato

Relato de uma aula sobre Projeto Ipê, com os alunos de Engenharia Florestal da FURB, turma 2010/1 na madrugada de 06 de março de 2010, na Prainha em Blumenau SC.Aceitando o convite do professor de Zoologia do Curso de Engenharia Florestal da FURB, Professor Pedro Wilson Bertelli, dirigi-me para Prainha por volta das 04:45 da manhã. Estava uma madrugada úmida, havia chovido na noite de véspera, apanhei meu fusca laranja 1975. No interior levava 2 mudas de ipê-amarelo, pois conforme prometido, após assistirmos à aula de Zoologia, faríamos uma exposição do Projeto Ipê e culminaríamos com o plantio de uma muda de ipê nas barrancas do Rio Itajaí-Açu, na margem direita, próximo a escadaria ladeada pelas réguas de medir o nível no rio, ali pertinho do Castelinho Moellmann (Havan).Ao chegar no local da Prainha, ali naquela curva do rio, famosa pela sua beleza e a história de tantos eventos...já encontrei o Professor Bertelli, trajando roupa camuflada, andando no pasto verdejante do local. Havia também um aluno com seu automóvel já estacionado, aguardando os outros colegas. Rapidamente chegaram os demais alunos. Fui apresentado como um convidado especial para assistir à aula, sem maiores detalhes. Eu estava vestindo um agasalho, do tipo feito para usar em dias frios, para atividades físicas, mas calçando minhas botas sete-léguas para deslocamento na área, pois o planejado da aula seria collher e observar espécies de insetos do habitat local, assim como ouvir a vocalização e identificação dos pássaros no amanhecer. Para surpresa nossa, tivemos a desagradável audiência do som forte e intenso, daquele tipo “bate-estacas”, vindo da margem direita do rio, oriundo do Biergarten com sua discoteca acontecendo na cervejaria. Som muito alto e intenso que prejudicava a oratória do Professor de Zoologia. Incrivelmente o som se prolongou até às 07:15 horas da manhã e depois continuou com o som “musical bate estacas” dos automóveis dos freqüentadores da cervejaria-discoteca, que abrindo seus porta-malas e com seus potentes sons discotecários, nos automóveis, pareciam competir entre si, em quem mais alto elevaria o som. Aqueles que como nós, amantes da natureza, sequer pudemos apreciar o cantar dos pássaros no raiar do dia. Após uma preliminar, pelo Professor Bertelli sobre a vida das capivaras e o que possivelmente encontraríamos na área para coleta de insetos, foram distribuídos frascos e pinças para coleta. Como ainda estava escuro, o Professor levou-nos à beira do rio e pudemos visualizar uma família de capivaras em seu território, com 9 exemplares adultos e 5 filhotes. Amanhecendo o dia, iniciamos nossa caminhada de coletas de amostras de insetos e observação de pássaros e felizmente o som da discoteca foi desligado e os inconvenientes automóveis também retiraram-se do local e pudemos então desfrutar à aula prática de Zoologia. Experiência para mim interessante, ao lado de uns 30 jovens calouros de Engenharia Florestal, não pude me furtar de transportar-me aos meus tempos de calouro da faculdade de Medicina. Observando os alunos, vendo quem estava interessado na aula, quem estava realmente dedicado e também observando os “desligados”...as “paqueras” nascendo entre os jovens, que estavam mais interessados nos jogos amorosos ,dos toques e palavras de aproximação de interesse mútuo ,típico da idade da juventude.Por volta das 07:45 horas, foi feita uma pausa para o café. Todos os que tinham levado lanche, sentaram-se às mesas de pedra do local e lanchamos num bate-papo informal. Causou-me tristeza o abandono do Barco Vapor Blumenau I,com seu leme jogado ao lado, servindo de depósito de latas descartadas de cerveja. O mato envolvendo o barco, num descaso total de abandono. Uma reflexão triste do descaso do poder público e destino de nossa alta carga tributária nas mãos corruptas, doença crônica e generalizada que assola nosso país. Findo nosso lanche, o Professor Bertelli fez minha apresentação oficial, lendo um sumário do meu currículum. Iniciei a palestra sobre o Projeto Ipê homenageando e agradecendo o convite. Fiz a entrega dos volumes I e II do livro ÁRVORES BRASILEIRAS, de Harri Lorenzi, dedicados ao Professor Bertelli. Leu surpreendido a dedicatória e imediatamente respondeu que os livros ficariam numa sala especial da disciplina de Zoologia da FURB para manuseio pelos alunos, o que me deixou feliz pelo espírito comunitário do Professor.Após a exposição do Projeto Ipê, que se encontra descrito no site www.coresdoipe.blog spot.com/, nos dirigimos para o local do plantio de ipês, pois então revelei que o primeiro ipê a ser plantado, o que ocorreu às 08: 30 horas, homenageamos o Professor Betelli que fez o plantio. O segundo ipê foi plantado pela aluna representante da turma de Engenharia Florestal - Turma 2010-1, a jovem Vanessa Cristina Endgerle, às 08:40 horas, assistidos, fotografados e filmados pelos colegas que na calçada da beira-rio, riam bastante dos escorregões e tombos na grama dos colegas aventureiros no plantio. No transporte das mudas e ferramentas, do fusca estacionado na beira-rio, até o local do plantio, fui ajudado pelos alunos Heitor (de São Leopoldo - RS) e Julio Jaime Pereira (Blumenau SC - Julio.ambiental@hotmail.com). Findo o plantio os alunos convidados por mim, fizeram uma rápida caminhada rio acima, apreciando as mudas de ipês já plantados há 3 anos na margem direita do rio. Recebi um convite do aluno Julio Jaime Pereira, para participar como colaborador num projeto de pesquisa sobre Créditos de Carbono que já realiza na FURB e prontifiquei-me a cooperar e marcamos contatos para reuniões futuras. Fiz ainda uma caminhada percorrendo todos os ipês do Projeto Ipê e verifiquei que a equipe de limpeza da Prefeitura de Blumenau está realizando a roçada e aparada de grama daquela margem, restaurando o panorama que sempre altera com o crescimento das ervas daninhas e o mato que se sobressai na grama. Todas as mudas de ipê estão viçosas e respeitadas com suas varas de suporte amarradas ao caule. Satisfeito retornei ao fusca e fui para casa proceder a limpeza das ferramentas e tomar um bom banho de chuveiro. Assim foi mais um dia do Projeto Ipê.

Adilson Tadeu Machado.