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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Muda nº 60 na Casa do Caminha


MUDA DE IPÊ AMARELO nr 60 - LUIZ EDUARDO CAMINHA - Ratones - Florianópolis SC 11/02/2012.

Manhã linda de sábado, dia 11/02/2012, dei-me conta de que estava entrando na Estrada Intendente Antonio Damasco, em busca do nr 3486, residência do Amigo, Luiz Eduardo Caminha, Médico, Escritor, Politico, Cristão Fervoroso ! No dia anterior, à tarde enfrentei uma chuva torrencial, dirigindo o Fusca Laranja ano 1975, herança de meu falecido pai Edison. O carrinho valente que me trouxera de Blumenau pelos caminhos de Brusque, São João Batista, Canelinha, Tijucas, par só então atingir a BR 101 e dirigir-me a Florianópolis. O caminho por mim preferido, pois assim viajo tranqüilo no Fusca, sem o “assédio” dos caminhões pesados, forçando à ultrapassagem do velho fusca, em que insisto em não passar dos 80 Km por hora. Em Florianópolis na noite de sexta-feira, participara de uma reunião administrativa do Capítulo Centenary 5564, da Ordem do Sagrado Arco Real, integrante da Grande Loja Unida da Inglaterra, em sua província ultramarina, com sede em Florianópolis. Fizemos a reunião no Hotel Brüggemann, no Estreito, nosso reduto costumeiro de hospedagem, pela proximidade com o Templo, na rua Bernardino Vaz, para constituir a nominata da administração 2012/2013, onde coube-me a honra de presidir após 8 anos no Capítulo. Terminada a reunião liguei para o amigo Caminha, avisando que dormiria em Jurerê e que estaria em sua residência por volta das 09:00 horas para o plantio da Muda nr 60 de ipê amarelo, que lhe prometera e que trouxera comigo. Ocupando o banco dianteiro, do passageiro no fusca, com mais ou menos 2 metros e meio, plantada em um vaso plástico. Portanto com percorrendo a Estrada do Intendente Antônio Damasco, que marca sua entrada com um monumento de uma canoa na Rodovia SC 401, que vai para o Norte da Ilha, meus pensamentos voltaram-se ao meu velho, querido e falecido Pai Edison que me contara: “aqui da entrada de Ratones até a entrada do trevo de Santo Antonio de Lisboa, em 1938, quando vim servir no Exército ( 14. Batalhão de Caçadores) , fizemos uma marcha a pé , equipados com apetrechos militares em mochila e fuzil mosquetão. Acampamos aqui na várzea de Ratones com boa água. No dia seguinte faríamos a macha a pé de retorno ao Batalhão. Sol escaldante de fevereiro, para joaquinense (nasceu em São Joaquim SC) pouco habituado ao “calorão” do Ilhéu. Dizia ele...um “tenentezinho” vindo “fresquinho da academia de Realengo RJ, queria “mostrar serviço” e colocou o Pelotão do qual eu fazia parte, a fazer movimentos de maneabilidade, com ataques e defesa de território, rastejar, rolar etc, no caminho de estrada carroçável com areias escaldantes do sol da tarde no verão de 1938 da Serra Abaixo“. E tal “movimento só terminaria na entrada de SantoAntonio de Lisboa, um trecho de uns 2 Km aproximados. Um colega, soldado de Florianópolis, sentado praça comigo disse-me.. Tinha o o apelido de “ribeirão” porque era do Ribeirão da Ilha”.oi oi esse tenentinho é coisadiloco...”companheiro serrano” vamos fingir que “desmaiamos” e eles nos recolhem na ambulância que vem atrás da tropa. A ambulância era uma carroça puxada por um burro (muar) e tendo como cocheiro o soldado padioleiro...pois não deu outra ...o soldado “mane Zinho” da Ilha e o serrano de São Joaquim - “desmaiaram” e foram colocados deitados na carroça e desfrutaram a marcha de retorno até ao Batalhão...mas agüentaram a gozação dos colegas fardados que os chamavam de “frouxos”...mas riam muito...mais vale um “frouxo’ na carroça, que um exausto herói...era esta a “estória” contada no intermeio das gargalhadas. Assim, nesta manhã de sábado segui apreciando as belas várzeas de Ratones, seus pastos verdejantes e casas bucólicas. Garças brancas, saracuras, gralhas e tantos outros personagens da fauna local. Enfim cheguei defronte ao portão de ferro que indicava a propriedade do Caminha. Toquei a campainha e aguardei. Logo vi a figura serena do amigo, abrindo outro portão intermediário e rapidamente lhe ganhou dianteira a “Gorda”, cadela da raça Labrador, dourada que veio cheirar-me no portão principal. Caminha nos abriu o portão e foi me indiciando a baia onde estacionaria meu fusca. Ao lado de seu moto home. Nos abraçamos depois de longo tempo que não nos encontrávamos. Foi muito bom ver-lhe saudável, seu olhar lánguido azulado, sobre as lentes dos óculos. Ultima vez que nos víramos, foi defronte o elevador do saguão de entrada do Hospital Santa Isabel quando ele estava sendo internado para receber transfusões de sangue, em tratamento de sua enfermidade, tinha o aspecto anêmico peculiar. Não o reconhecera e fora ele que me chamara pelo nome. Assim, agora vendo-o corado, mais gordo, com aspecto saudável foi realmente gratificante. Sua propriedade em Ratones, foi-me cativando pelo belo pomar - poema, no frontispício do terreno. Belo jardim, belas árvores. Ao passarmos no portão intermediário, não deixei de notar no muro poemas impressos em placas de metal, de seu livro REFLEXOS, do qual fui presenteado com dedicatória exclusiva que me envaidece. No segundo ambiente do terreno deparei-me com um deck de pedra são Tomé, adornando um bela piscina. Um pouco além da piscina uma construção de duas torres interligadas, lembrando a famosa ponte londrina., (impressão minha). Epois soube que as torres abrigavam suítes dos filhos. Ao fundo outro pequeno portão e cercado, a casa simples e bonita , com fundos para bambuzal e regato de águas límpidas. Receberam- nos aos latidos duas cadelas(mãe e filha) da raça conhecida no Brasil, popularmente como COFAP, pela semelhanças com os amortecedores, com seu longo corpo. Caminha contou-me do seu amor e de sua família por cães, assim como, acrescentou que estas duas cadelas estão com idade aproximada de 15 anos e que são mãe e filha. Contei-lhe de minha cadela pinscher de 15 anos, Kika, que faleceu ano passado. Disse-me ele que a cadela “Gorda”, labrador, é a “dona” da piscina, fato que comprovei logo em seguida com um mergulho da “Gorda” nadando prazerosamente diante de nós, toda faceira e aos latidos alegres na piscina. Caminha recebeu-me, convidando-me para tomar café da manhã, a mesa estava composta e assim nos atracamos numa conversa frugal. Descortinamos por durante quase 4 horas uma longa conversa, onde falamos de cristianismo, social-democracia, sua experiência como Secretário da Saúde de Blumenau, vice presidente das associações de secretarias de saúde estaduais do Brasil, políticas públicas de saúde, implantação do Programa de Saúde da Família. Enfim, viajamos por seus 3 livros já escritos e publicados, ( “REFLEXOS” “SABOREANDO CRÔNICAS” e “REINVENTANDO TRADIÇÕES- STAMMTISCH” assim como ouvi relatos do quarto livro que está terminando, romance sobre particularidades de ANITA GARIBALDI. Caminha com uma verve poeta e com um vocabulário intenso discorria com amor e paixão tudo o que tem vivido, sua oratória foi por vezes tolhida pela emoção, onde ante as lágrimas, descortinou momentos vividos na saúde, na vida profissional e no amor intenso doado e recebido, de apoio recebido pela esposa Seluta e filhos. Levou-me a conhecer a propriedade e com especial atenção apresentou-me seu santuário no quintal, cercado no bambuzal, uma pequena e rústica capela com Santa Rita, São Francisco, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes e São José. Tivemos naquele exato instante a companhia de uma gralha azul, aos gritos no topo de sombrosa árvore, sobre nossas cabeças e um pica-pau , que atacava um bambu freneticamente na busca de insetos. No fundo e ao lado, um regato de águas límpidas, povoado de pequenos peixes e pitus. Contou-me que o filho gostava de descer numa pequenina praia do regato e pescar pitus que invariavelmente acabam em pratos requintados, nos dotes de culinária de Caminha e o filho. Falamos de suas viagens com seu moto home pela Patagônia e as que pretende ainda fazer pelo Nordeste brasileiro. Discorri um pouco sobre minha vida de passado militar até chegar a Blumenau como médico do Exército Brasileiro em 1980 e onde acabamos nos conhecendo nos idos de 1983. Falamos sobre a Ordem Maçônica e que embora não sendo maçom, tem feito conferências em Lojas Maçônicas, abordando o cristianismo,saúde pública, assim como o convívio que teve com amigos maçons em Blumenau, o respeito e admiração pela Ordem e os amigos. O sol já passava do zênite, horário de verão, lembramos de que tínhamos que plantar o ipê amarelo que trouxera. Com a ajuda de seu jardineiro Rodrigo Santos, autêntico “ratonense”, abrimos em seu jardim, em espaço em que me privilegiou escolher, buraco para o plantio da muda de número 60. A primeira muda, como disse ele, do projeto Cores do Ipê, exportada para outro município . Acrescento que foi uma honra plantar o ipê, em solo de propriedade de tão ilustre personagem. Voltamos ao interior de sua residência, onde obsequiosamente dedicou-me seus livros, com dedicatórias exclusivas que me encheram a alma, do seu amor fraternal. Caminha, por alguma razão lembra-me o personagem que pousava na praia do Campeche,em Florianópolis, o nosso Zé Peri, o piloto escritor S’aint Exupery, imortalizado com sua obra O PEQUENO PRÍNCIPE. Num relato vocal, gravado em disco de vinil , o grande ator brasileiro Paulo Autran já falecido, descrevia o diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe, com uma voz gutural a raposa dizia que “...és responsável pelo que cativas”, assim o olhar lânguido de Caminha, por alguma razão, leva-me a associação daquele autor. Nos abraçmos, nos despedimos e por volta das 14:00 horas, deixei aquele recanto de paraíso, retornando a Jurerê, ao Sítio Machado Longo, na rua dos Magalhães nr 120 e rever os irmãos Boanerges, Cleusa e cunhados Vicente Longo e Iolene. Foi também uma agradável surpresa para eles, levar o fusca laranja que era de meu pai, para que revessem e apreciassem a restauração, que fizemos em Blumenau, no lindo carro. Retornei a Blumenau, uma tarde ensolarada de fevereiro, piloto de fusca, com alma e espíritos renovados. Obrigado meu Deus, Grande Arquiteto do Universo por desfrutar destas coisas, obras engendradas no seu esquadro e compasso da ordem universal.

Luiz Eduardo Caminha, em seu sítio em Ratones - Florianópolis, no plantio da muda nr 60 de Ipê amarelo, projeto Cores do Ipê. Ajudante, Rodrigo Santos, por volta de 12:30 horas do dia 11/02/2012 - Sábado.
..autor de obras especiais, divinas e humanas:Luiz Eduardo Caminha.




...fizemos então, esta foto registrando o Fusca Laranja, parceiro de tantas empreitadas, com o amigo médico e escritor, Luiz Eduardo Caminha. Ratones Floripa,11/02/2012. Adilson

4 comentários:

Adalberto Day disse...

Parabéns por esta bela postagem.
Um texto maravilhoso, e principalmnete meu amigo Caminha "Poetando".
Adalberto Day cientista social, pesquisador da história em Blumenau e fã do Caminha.

caminha, caminhando, poetando... disse...

Queridos amiguirmãos Adilson e Zé Pfau,

Emotivo e chorão como sou, duas consequencias me impôs este texto. Um terrível nó na garganta e lágrimas copiosas nos olhos. Saiba, Adilson, recebê-lo em minha casa foi não apenas um prazer, sobretudo foi uma alegria imensa saber mais de ti, de tua história - que dá um belo livro - e aprender um pouco desta fantástica humildade que é tua marca registrada.
Teu texto, como sempre minucioso e completo, me fez relembrar, segundo a segundo, todos os papos, as histórias e as risadas que pudemos compartilhar num dia que me foi plenamente agradável e feliz. Deixo-te registrada minha gratidão por te abalares de nossa Blumenau, via Brusque e São João Batista, com aquela relíquia que pertenceu a teu pai, com o intuito de me agraciar com a muda de ipê. Nestes dois dias já lá estive mostrando-a a duas visitas que por aqui vieram.
Ao Zé, meus louvores por ser teu parceiro neste magnífico projeto que poderia, cá entre nós, ser alcunhado “Loucos, por um mundo melhor”.
Vou divulgar o link para que meus amigos possam compartilhar este ousado projeto e esta aventura nos Ratones.

Que Deus os abençoe,

Luiz Eduardo Caminha
Florianópolis, Distrito (In)dependente de Ratones, 13.02.2012.

P.S.: Da próxima, que espero seja em breve, traga o Zé Pfau. Quem sabe não desfrutamos de um café com mistura ou, quiçá, um churrasco?

Adilson disse...

Caro Adalberto DAy. Agradeço suas generosas palavras. Realmente é um privilégio desfrutar da companhia do Caminha. Meu abraço e parabéns pelo excelente site que dispõe sobre a História Blumenauense. Grato. Adilson

Adilson disse...

Caro Caminha !

Mais uma vez agradeço este convívio. Realmente é um privilégio desfrutar de sua erudita amizade. Abraço forte. Adilson